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Você moraria em uma casa que foi palco de um crime brutal? Valores e crenças dividem compradores e ‘turistas de homicídio’

O misterioso fascínio das “Casas do Crime”: O exemplo da Cielo Drive 10050

O endereço Cielo Drive 10050, localizado no bairro de Benedict Canyon, em Los Angeles, carrega consigo uma história sombria. No passado foi lar de Trent Reznor, fundador da banda Nine Inch Nails, mas é mais conhecido no imaginário popular como o palco de um dos crimes mais famosos da história da Califórnia, o brutal assassinato da atriz Sharon Tate e quatro de seus amigos pela “família” do guru Charles Manson, em 1969.

Reznor, um aficionado por histórias de assassinos em série, mudou-se para o endereço em 1992, atraído pelo lado mórbido da lenda da casa. Na época, o músico confessou a revista Rolling Stone seu fascínio pelo folclore doentio que envolve esses personagens sombrios e por Manson, que sangrava atenção com suas entrevistas delirantes e músicas gravadas da prisão de Corcoran.

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Como o encontro com Debra Tate mudou a opinião de Reznor?

Apesar do fascínio mórbido, viver em um lugar marcado por uma história tão terrível tinha suas desvantagens. Reznor costumava receber visitas inusitadas e até mesmo perturbadoras de estranhos no meio da noite. A sua percepção da casa e de sua decisão de morar lá mudou com um encontro ocasional com Debra, a irmã mais nova de Sharon Tate, em 1993.

Debra questionou se Reznor não estava explorando de forma sinistra e mórbida a morte de sua irmã. Ele teve que admitir que sim, foi frívolo contribuir para a mitificação de uma parte da história americana que causou tanta dor. Este encontro fez Trent entender que sua decisão de mudar-se para aquele lugar tinha sido uma má ideia.

O destino da mansão na Cielo Drive 10050

Logo após Reznor sair da casa, a mansão dos anos 1940 onde Sharon Tate foi brutalmente morta foi demolida. Os novos proprietários construíram uma luxuosa casa de 1.600 metros quadrados, com nove quartos e 13 banheiros. Tentando apagar os vestígios da sua infâmia, solicitaram a mudança de endereço em 2010.

Hoje, entre os números 10048 e 10052 da Cielo Drive, você não encontrará o infame número 10050, mas o 10066, o último número da rua. Esta mansão está no mercado há mais de 10 anos e seu preço não para de cair: era de R$ 97 milhões em 2019, passou para R$ 85 milhões em janeiro de 2022 e agora custa menos de R$ 70 milhões. Apesar do belo investimento feito pelo seu atual proprietário, o produtor Jeff Franklin, poucas pessoas demonstram interesse em habitar uma “casa amaldiçoada” que lembra um crime tão traumático.

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As “Casas do Crime” são realmente evitadas pelos compradores?

Uma pesquisa realizada por Michael Connolly, consultor imobiliário americano, tentou quantificar a rejeição possível a casas onde crimes violentos foram cometidos. As conclusões são surpreendentes: apenas 42% das 13 mil pessoas questionadas por seu serviço de consultoria rejeitariam uma casa onde “um crime muito violento” tivesse sido cometido. A maioria dos americanos, portanto, estaria disposta a viver no local onde um assassino em série residia, desde que seus crimes tivessem sido cometidos em outro lugar.

É interessante notar que essa relutância em adquirir “casas do crime” é menor do que a relutância em adquirir uma casa em um estado degradado (78%), em uma área propensa a inundações (76%) ou mesmo em uma casa com umidade (55%). Isso mostra que, apesar da sombria história dessas casas, muitos estão dispostos a ignorá-la em favor de um bom negócio imobiliário.

Redação

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