Noticias

Como o interesse por true crime se tornou arma de sucesso do mercado audiovisual?

True Crime: Consumo e ética na exposição de crimes reais

O sucesso recente da série “Dahmer: Um Canibal Americano”, exibida na Netflix, desencadeou uma onda de polêmicas. A atração foi duramente criticada por famílias das vítimas e sobreviventes do assassino, acusada de romantizar os crimes e o criminoso. Embora esse debate tenha acontecido no campo internacional, ele não é estranho ao Brasil. Por exemplo, quando foram anunciados os filmes sobre Suzane von Richthofen, um grande número de críticas negativas surgiu, questionando se era apropriado dar atenção à história de um crime tão hediondo que chocara a nação.

Outro êxito nacional destacável foi ‘Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez’, lançado em 2022 na HBO Max, que se tornou a produção brasileira mais assistida da plataforma. O crescente interesse e produção de conteúdo em torno de crimes reais, brasileiros e internacionais, levanta questões pertinentes. Afinal, existe uma maneira correta de criar (e consumir) produções do gênero true crime, sem idealizar a figura do assassino?

true crime
Imagem: reprodução/ Netflix

LEIA MAIS:

Bonde do Zinho: saiba mais sobre a milícia que parou o Rio de Janeiro na segunda (23)

Ministro Paulo Pimenta diz que governo federal será “implacável” contra crime organizado

A atração pelo True Crime

O atraente do true crime pode ser devido a três fatores principais, como explica a professora Whitney Phillips, da Universidade de Oregon, nos EUA. Primeiro, o elemento de mistério que intriga a audiência. Segundo, a satisfação de ver um caso sendo resolvido do conforto de seu sofá. Terceiro e último, a ideia de assistir a essas produções para se proteger ou se preparar para potenciais ameaças.

A curiosidade pelos crimes não é um fenômeno novo, como a roteirista brasileira Flávia Vieira explica: “Quando olhamos para um crime, estamos olhando para a natureza humana. O tipo de crime cometido em uma determinada sociedade diz muito sobre aquela sociedade”.

Os Números comprovam o interesse pelo True Crime

O interesse pelo true crime é evidente nos números de visualizações. Por exemplo, ‘Isabella: O Caso Nardoni’ ficou por 3 semanas no top 10 global de filmes em língua não inglesa e chegou ao top 10 de 16 países. ”Dahmer: Um Canibal Americano’ também obteve grande audiência, se tornando a 3ª série de TV em língua inglesa mais popular da Netflix, com mais de um bilhão de horas assistidas.

true crime
Imagem: reprodução/ TMDQA

Entendendo as críticas ao True Crime

Ao explorar crimes notórios através do formato do true crime, os criadores de conteúdo enfrentam várias críticas. Uma delas é a exposição dolorosa de vítimas, familiares e sobreviventes. Outra é o potencial das produções para provocar medos irracionais e paranóia excessiva. Além disso, há também preocupação de que essas representações possam inspirar, em vez de desencorajar, comportamentos criminosos.

E, ao lado dessas considerações éticas e sociais, os criadores de conteúdo de true crime têm que lidar com as demandas do público por realismo e emoção. Por exemplo, ao retratar o caso de Suzane von Richthofen, os produtores sentiram a necessidade de recriar cenas icônicas que o público já conhecia de reportagens anteriores.

Enquanto o debate continua, o interesse por true crime parece não diminuir, sugerindo que os criadores de conteúdo continuarão se esforçando para equilibrar as demandas do público por entretenimento com as responsabilidades éticas e sociais que essa fascinação implica.

Redação

O Canal Ciências Criminais é um portal jurídico de notícias e artigos voltados à esfera criminal, destinado a promover a atualização do saber aos estudantes de direito, juristas e atores judiciários.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo