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EUA e Venezuela fazem acordo INÉDITO para troca de prisioneiros

Nesta última quarta-feira (20), por meio de um comunicado oficial, as autoridades estadunidenses anunciaram que os Estados Unidos e a Venezuela chegaram a um acordo para libertar 10 americanos que estavam detidos no país sul-americano. De acordo com o governo dos EUA, 6 desses cidadãos libertos foram presos injustamente.

Essa ação marca outro sinal de descongelamento significativo nas relações entre os Estados Unidos e a Venezuela, após meses de negociações entre os dois países.

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Imagem: Coalizão Americana de Resgate

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Isso ocorre em um momento em que a administração de Joe Biden enfrenta um agravamento da situação na fronteira sul dos EUA, que levou os recursos federais ao limite. Muitas das pessoas que chegam à fronteira são imigrantes venezuelanos.

Extradição de ex-militar

Além da libertação dos 10 cidadãos americanos, o acordo também inclui a extradição para os EUA de Leonard Francis, ex-militar conhecido como “Fat Leonard”. Ele é responsável por orquestrar o maior escândalo de corrupção da história da Marinha do país norte-americano.

O presidente dos Estados Unidos Joe Biden chefe ressaltou que Leonard Francis enfrentará “justiça pelos crimes que cometeu contra o governo dos EUA e o povo americano”.

“Fat Leonard” será enviado a um centro de detenção federal nos Estados Unidos, segundo uma autoridade do governo. Francis, de nacionalidade malaia, foi preso em 2013, declarou-se culpado e, enquanto estava em prisão domiciliária aguardando sentença, cortou a tornozeleira e fugiu para a Venezuela.

“O seu regresso aos Estados Unidos garantirá agora que ele será totalmente responsabilizado pelos seus crimes, bem como pela sua tentativa de escapar da justiça”, disse o responsável.

Alguns americanos libertos por acordo já estão nos EUA

Após o acordo firmado entre Estados Unidos e Venezuela, seis dos 10 americanos que estavam detidos no território venezuelano pousaram no Kelly Field, em San Antonio, no Texas, na noite desta quarta-feira (20). São eles:

  • Eyvin Hernandez;
  • Savoi Wright;
  • Jerrel Kenemore;
  • Joseph Cristella;
  • Jason Saad; e
  • Edgar Jose Marval Moreno

“Faz muito bem ao meu coração ver que vocês estão de volta a solo americano. Será uma transição interessante para vocês, mas pelo menos estarão aqui no abraço amoroso do país e de suas famílias. Bem-vindos ao lar”, disse o enviado especial dos EUA para assuntos de reféns, Roger Carstens, que acompanhou os americanos no voo de volta para casa.

Nenhum outro americano está em prisões venezuelanas atualmente, segundo Carstens.

Relatos de ex-prisioneiros

Savoi Wright, ao retornar aos EUA, disse que foi mantido com até quatro pessoas em uma “cela muito pequena” e que também ficou preocupado com sua segurança.

“É uma experiência e tanto voltar ao Texas e aos Estados Unidos da América e ver todos vocês, rostos tão calorosos, tanto amor. Estou muito grato, muito agradecido pelo momento”, destacou Wright.

Já Eyvin Hernandez afirmou que foi uma “luta diária” durante seus 630 dias preso na Venezuela. “Se você encontrar paz lá, eles fazem tudo ao seu alcance para que você perca essa paz e tentam te deixar louco. Eles têm muitas táticas psicológicas”, relatou.

Ele agradeceu ao presidente Joe Biden por tomar a “difícil decisão” de levá-los para casa e enfatizou que deseja relações pacíficas entre os EUA e a Venezuela. “Não quero que nada seja feito contra eles em meu nome”, pontuou.

Luke Denman e Airan Berry também estão no grupo de 10 americanos que foram libertados da Venezuela, disse uma autoridade dos EUA à CNN.

Os dois ex-Boinas Verdes (integrantes das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos) foram presos na Venezuela em maio de 2020 por supostamente estarem envolvidos no que Maduro chamou de “golpe fracassado”. Eles foram condenados a 20 anos de prisão.

O funcionário de alto escalão do governo americano destacou que outros indivíduos não foram identificados, citando privacidade.

“Os últimos meses foram alguns dos mais difíceis de nossas vidas e estamos aliviados porque esta provação terminou”, ressaltou um comunicado da família Wright.

“Somos gratos ao governo dos EUA por trazer Savoi para casa tão rapidamente, a Mickey Bergman, do Richardson Center, a Jonathan Franks, que nos guiou durante todo o caminho, e a muitos outros que ajudaram a trazer Savoi de volta para casa. Seremos eternamente gratos”, aducionaram.

“Com o tempo, teremos muito a dizer sobre como achamos que este processo poderia servir melhor as famílias e sobre as reformas necessárias no sistema de designação, mas, por enquanto, pedimos respeitosamente privacidade e espaço ao recebermos Savoi em casa e ajudá-lo a se recuperar do trauma desta provação”, concluíram.

Biden celebra acordo firmado entre EUA e Venezuela

Através de um comunicado divulgado nesta quarta-feira, o presidente Joe Biden celebrou o tratado entre os dois países e afirmou que se sente “grato, porque sua provação finalmente acabou e que essas famílias estão sendo curadas mais uma vez”.

“Estamos garantindo que o regime venezuelano cumpra os seus compromissos”, escreveu Biden.

Além disso, o chefe de estado destacou o processo de recuperação que o país sul-americano está passando. “Anunciaram um planejamento eleitoral, acordado pelos partidos da oposição, para eleições presidenciais competitivas em 2024. Este é um passo positivo e importante. E, hoje, estão libertando vinte presos políticos, além dos cinco libertados anteriormente”.

“Continuaremos monitorando isso de perto e tomaremos as medidas apropriadas, se necessário. Apoiamos a democracia na Venezuela e as aspirações do povo venezuelano”, finalizou Biden.

Aliado de Maduro será solto

Em troca da libertação dos americanos e de “Fat Leonard”, Biden concedeu clemência a Alex Saab, um suposto financiador do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A decisão foi considerada difícil por autoridades.

“Para fazer esta troca, o presidente teve que tomar a decisão extremamente difícil de oferecer algo que os homólogos venezuelanos têm procurado, e tomou a decisão de conceder clemência a Alex Saab, que estava pendente de julgamento por lavagem de dinheiro, e permitir seu retorno à Venezuela”, afirmou um alto funcionário do governo.

Os Estados Unidos dizem que Saab estava por trás de uma rede de corrupção envolvendo um programa alimentar subsidiado pelo governo que permitiu a Maduro e aos seus aliados roubar centenas de milhões de dólares ao povo venezuelano, ao mesmo tempo que utilizavam a comida como forma de controle social.

A Venezuela também deverá libertar 20 presos políticos como parte do acordo, incluindo Roberto Abdul, fundador de uma organização da sociedade civil venezuelana e oponente político de Maduro, que foi preso no início deste mês.

O governo americano disse esperar que a libertação de presos políticos leve a uma Venezuela mais democrática, levando às eleições presidenciais no próximo ano.

Em outubro, os Estados Unidos concordaram em aliviar algumas sanções à Venezuela depois de o país ter tomado medidas para abrir suas eleições.

“Esperamos que, se conseguirmos concluir com sucesso as ações esperadas para hoje, estaremos bem posicionados para ver um caminho mais democrático na Venezuela”, ressaltou um alto funcionário do governo.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, e o seu principal vice, Jon Finer, estiveram envolvidos em meses de negociações com o governo da Venezuela, que tiveram início em maio de 2023.

O resultado dessas conversas foi considerado “muito positivo” pelas autoridades.

Biden foi consultado regularmente sobre as discussões e foi mantido “informado sobre cada etapa deste processo desde o início das negociações diretas com representantes da Venezuela”.

Roger Carstens, enviado especial dos EUA para assuntos de reféns, fez várias viagens à Venezuela para se encontrar com os detidos americanos. Os EUA garantiram a libertação de outros nove americanos que tinham sido detidos na Venezuela em duas trocas de prisioneiros no ano passado.

A administração de Joe Biden também elogiou o papel do Catar na mediação do acordo com a Venezuela.

“Durante meses, eles facilitaram conversas entre as autoridades de Maduro e autoridades dos EUA, com o objetivo de abrir caminho para eleições competitivas em 2024 e o retorno de americanos detidos injustamente. Estamos muito gratos por esses esforços”, afirmou um alto funcionário do governo.

Negociações entre os dois países

Apesar do acordo, Nicolás Maduro ainda enfrenta uma série de acusações nos EUA, inclusive por tráfico de drogas e corrupção, de acordo com um alto funcionário do governo americano.

As negociações intensificadas com a Venezuela ocorrem em meio a mudanças geopolíticas nos últimos meses que tornaram prioridade uma relação mais amigável com os EUA.

A facilitação do acesso dos Estados Unidos às vastas reservas de petróleo da Venezuela acontece, por exemplo, após a guerra da Ucrânia ter reduzido o fornecimento global de petróleo.

Além disso, no início deste ano, a Venezuela concordou em aceitar voos com venezuelanos enviados pelos EUA, enquanto dezenas de milhares de migrantes venezuelanos chegavam à fronteria com os Estados Unidos todos os meses, esgotando os recursos de cidades fronteiriças e cidades como Nova York.

Por fim, compromissos firmados pela Venezuela sobre as eleições presidenciais de 2024 e a libertação dos detidos dos EUA têm sido fundamentais para o apoio dos EUA.

Em outubro, a Venezuela formalizou medidas para realizar uma eleição presidencial mais transparente, no chamado acordo de Barbados, que incluiu uma atualização do registo eleitoral para incluir mais venezuelanos que vivem no exterior e uma promessa de incluir observadores internacionais nas urnas no próximo ano.

No dia seguinte, os EUA suspenderam sanções relacionadas a operações do setor do petróleo e do gás da Venezuela e certas proibições comerciais.

Nesse mesmo mês, a oposição venezuelana mostrou um raro ímpeto ao se unir em torno de Maria Corina Machado, uma antiga legisladora de centro-direita que atacou Maduro por supervisionar o aumento da inflação e a escassez de alimentos, nas primeiras primárias do país em 11 anos.

Ainda assim, o governo venezuelano tomou medidas para desqualificá-la para ocupar cargos públicos.

A Venezuela também acusou Abdul, que ajudou a planejar as primárias da oposição em outubro, de traição e corrupção, assim como 13 outros líderes da oposição no início deste mês.

Elliott Abrams, que serviu como representante especial da Venezuela durante a administração Trump, disse que Maduro “violou claramente as promessas que fez sobre avançar para a guerra”.

“Em vez disso, ele retrocedeu – e é recompensado por isso”, acrescentou, chamando a libertação da Saab de “vergonhosa”.

Saab, um aliado próximo de Maduro, era considerado o líder de um suposto plano de corrupção do governo para ganhar dinheiro. Ele foi detido, após acusações dos EUA, em 2020, na ilha cabo-verdiana do Sal, quando seu jato parou para reabastecer durante uma viagem da Venezuela para o Irã.

Falando à CNN no ano seguinte, após prisão domiciliar em Cabo Verde, ele negou as acusações, chamando a sua prisão de “rapto” e de “conflito diplomático excepcionalmente grave”.

Em outubro de 2021, Saab foi extraditado para os EUA, onde ficou detido na Flórida aguardando julgamento.

Em comunicado, Joseph Schuster, advogado de Alex Saab, agradeceu a Biden e Maduro por concordarem com a libertação, dizendo que “permite que um diplomata venezuelano inocente volte para casa depois de cumprir mais de três anos e meio sob custódia”.

A libertação de Saab é um “símbolo fundamental” para Maduro, ponderou Luis Vicente León, analista político baseado em Caracas.

“Para Maduro, a libertação de Saab é uma demonstração da sua vontade de não abandonar o seu povo”, destacou.

Fonte: CNN Brasil

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