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Justiça com as próprias mãos? Moradores de Copacabana organizam ‘força-tarefa’ para combater assaltos

Depois de uma recente onda de violência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, marcada por ataques e assaltos, os moradores dessa região estão criando uma espécie de “força-tarefa” para lidar com a criminalidade por conta própria. Nas redes sociais, o grupo de “justiceiros” discute táticas e até a possibilidade de usar armas brancas. A atitude, no entanto, pode ser perigosa e é desaprovada por especialistas em segurança pública.

Por meio das redes sociais, um dos líderes desse movimento, William Correia, publicou um vídeo chamando outros cidadãos voluntários para enfrentar os criminosos nas ruas. “E aí, rapaziada de Copacabana, qual vai ser? Vamos deixar os caras fazer o que querem aqui no nosso bairro mesmo?”, questiona Correia. A iniciativa surgiu após o assalto e agressão sofridos pelo comerciante Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos.

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Como surgiu esta iniciativa de força-tarefa em Copacabana?

A ideia da força-tarefa nasceu após a repercussão de uma agressão e roubo contra Benchimol. O comerciante estava a caminho da academia em uma das principais avenidas de Copacabana quando percebeu uma mulher sendo assaltada por um grupo. Ele tentou intervir, mas acabou sendo golpeado e ficou desacordado. Os criminosos revistaram os bolsos de Marcelo, roubaram seu celular e fugiram.

A não confiança de que haja uma solução para o problema de segurança pública no bairro é compartilhada nas mensagens trocadas em grupos de moradores da região nas redes sociais. Em algumas postagens, é possível ver relatos de violências sofridas, planejamento de reuniões para “definir parâmetros e estratégias para a atuação no bairro” e sugestões para o uso de força e armas brancas contra os infratores.

O que dizem os especialistas sobre a força-tarefa?

A conduta foi condenada pelo coronel Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM e analista em segurança pública. “Só o estado pode perseguir o infrator penal (…) O uso da força tem que ser legal e só pode ser em oposição a força contrária, contra agente ou terceiros”, afirmou Ubiratan. Ele acrescenta que quando um cidadão decide cumprir a lei e a ordem paralelamente ao poder do estado, isso é chamado de milícia.

Outro homem, considerado um dos principais mobilizadores da iniciativa dos moradores de Copacabana, fez um chamamento nas redes sociais. Ele solicitou o apoio de academias e lutadores da área para o que chamou de “projeto de limpeza”, incitando a violência contra possíveis ‘assaltantes e desordeiros’.

A principal crítica dos participantes da força-tarefa é a liberação dos suspeitos após a audiência de custódia. Muitos reclamam que os criminosos são presos, mas logo estão de volta às ruas. A PM do Rio de Janeiro destacou que “a região possui aproximadamente 25% de reincidência criminal em casos de roubos e furtos”.

Como as autoridades de segurança estão reagindo?

A Polícia Civil informou que está a par da ação dos “justiceiros” e que investigações estão sendo realizadas para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos. Já a Polícia Militar do Rio de Janeiro disse que atua na região para prender qualquer pessoa envolvida em crimes e que conta com policiamento reforçado para diminuir os índices criminais do bairro.

Nos últimos 10 dias, somente em Copacabana, a PM do Rio encaminhou 150 pessoas para delegacias da região e tirou 11 facas de circulação.

Redação

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