Prisões na América Latina estão se tornando centros de comando para as facções de tráfico de drogas
Crise de segurança pública nas prisões da América Latina
Cresce na América Latina uma crise de segurança pública, tendo como eixo as prisões que transformam-se em verdadeiros centros de comando de organizações criminosas. Diversas penitenciárias criadas pelos Estados para incrementar a segurança dos cidadãos têm tido um efeito diametralmente oposto.
Estes centros penitenciários rapidamente se tornam escolas do crime. Este fenômeno pode ser notado não só no Brasil e na Venezuela, mas também em outros países da América Latina.
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Tráfico de drogas e outras formas de crime dentro das prisões
Neste cenário, diversas facções criminosas, que controlam as ações para além das grades, tem o tráfico de drogas como principal fonte de renda. Segundo especialistas, muitas delas têm se envolvido em diferentes formas de crime, como extorsão e mineração ilegal.
Gustavo Fondevila, especialista do Centro de Pesquisa e Ensino Econômico (Cide), no México, chama a atenção para o fato de que a prisão não é como imaginamos. Na verdade, estas prisões estão se tornando um verdadeiro motor da violência. Ao se estabelecer uma prisão em determinada região, observa-se que consequentemente o índice de criminalidade naquela área cresce, criando um Estado paralelo nas prisões.
Superlotação e o crescimento das facções criminosas
Em um contexto de superlotação carcerária, a influência das facções criminosas tem aumentado rapidamente. Na América Latina, a população carcerária mais do que dobrou desde 2000, segundo o World Prison Brief, um relatório global sobre dados prisionais.
No Brasil, é notório como a população carcerária multiplicou-se por 3,5 desde o início do século XXI. Um exemplo marcante deste panorama é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Criado originalmente como um sindicato de proteção aos presos em São Paulo, o grupo fortaleceu-se ao ponto de se tornar uma das maiores organizações criminosas do país.
Soluções possíveis para a crise prisional?
Esta é uma questão complexa. A superlotação das prisões tem resultado em um cenário de completa ausência de controle. Em Tocorón, na Venezuela, a responsabilidade pelo interior da prisão foi transferida aos próprios presos. Assim, pavimentou-se o caminho para o surgimento do grupo criminoso Tren de Aragua, em 2014.
Diante da gravidade desta crise de segurança, é urgente a criação de políticas efetivas que visem não só combater o crime organizado, mas também ressocializar os presos. Alguns países latinos, como Honduras, têm optado por políticas de “mão forte”, mobilizando o exército e incluindo toque de recolher e estados de emergência em grande parte do país.
No entanto, é preciso cautela com estas medidas. A concentração de poder e restrição de liberdades civis podem gerar uma série de outros problemas à sociedade e à democracia. O que se percebe, é que apenas prender as pessoas não é a solução. A prisão não pode ser vista apenas como um local de punição, mas também de ressocialização. Caso contrário, estaremos alimentando um ciclo vicioso de criminalidade cada vez mais complexo.