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Caso Nardoni


Por Cezar de Lima e Felipe Faoro Bertoni


O CRIME

Na noite do dia 29 de março de 2008, a menina Isabella Nardoni, de 5 anos de idade, foi arremessada pela janela do sexto andar do edifício London, localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. Após a queda, enquanto agonizava, tentou-se prestar socorro à menina, que morreu tragicamente a caminho do hospital.

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A pequena Isabella Nardoni

O pai da criança, Alexandre Nardoni, afirmou, inicialmente, que seu apartamento teria sido assaltado e que um dos assaltantes teria arremessado brutalmente a menina pena janela. Alexandre afirmou que ao chegar em casa levou a menina, que já dormia, para o interior do apartamento. Após, desceu à garagem para ajudar a sua companheira e seus outros dois filhos (de onze meses e três anos) a subirem, interregno temporal em que teria ocorrido o crime.

SUSPEITA SOBRE O PAI E A MADRASTA

A versão prestada por Alexandre levantou suspeitas. Com efeito, suas declarações deixavam muitas pontas soltas e a história perdia cada vez mais credibilidade. Constatou-se que não havia qualquer sinal de luta ou arrombamento no apartamento. Ainda, constatou-se que nenhum pertence havia sido subtraído e que a tela de proteção do quarto das crianças havia sido cortada.

Da mesma forma, os detalhes macabros da cena do crime indicavam que havia sangue no apartamento e que a vítima poderia ter sido asfixiada antes de ser jogada pela janela.

Aos poucos, o mórbido cenário encontrado ia desfazendo a hipótese de crime patrimonial e indicando a prática de um crime contra a vida. Todos esses erros e contradições revelaram que, na verdade, não havia nenhum assaltante.

Isabella, na verdade, teria sido agredida e arremessada pela janela pelo seu próprio pai e com a participação de sua própria madrasta.

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O casal Nardoni

Todo esse contexto investigativo denotou o oferecimento de uma denúncia em desfavor de Alexandre e Anna Carolina pela prática do delito de homicídio triplamente qualificado e fraude processual.

A SENTENÇA CONDENATÓRIA

Submetidos ao 2º Tribunal do Júri da Capital do Fórum Regional de Santana, os réus, após cinco dias de julgamento, foram condenados pelo conselho de sentença pelo crime de homicídio triplamente qualificado pelo meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e ocultação do delito anterior. Além de afastar a tese defensiva de negativa de autoria, o Conselho de Sentença condenou os réus por terem praticado, na mesma ocasião, crime de fraude processual qualificado.

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Anna e Alexandre Nardoni a caminho do julgamento

Assim, com a decisão do Conselho de Sentença em julgar procedente a ação penal contra os réus Alexandre e Anna, coube ao juiz presidente aplicar as penas:

Alexandre Nardoni foi condenado a pena de 31 (trinta e um) anos, 01 (um) mês e 10 (dez) dias de reclusão a ser cumprida inicialmente em regime prisional FECHADO, sem direito a”sursis” pelo crime de homicídio triplamente qualificado. Anna Jatobá foi condenada a pena de 26 (vinte e seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão, pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado a ser cumprida inicialmente em regime prisional FECHADO, sem direito a”sursis”

Além disso, tanto Alexandre quanto Anna foram condenados pelo crime de fraude processual qualificado a pena de pena de 08 (oito) meses de detenção a ser cumprida inicialmente em regime prisional SEMIABERTO.

A sentença foi proferida pelo Juiz Maurício Fossen, às 00h20mins, do dia 27 de março de 2010.

Com recurso interposto pela defesa dos acusados, a 4ª Câmara Criminal do TJSP manteve a condenação de Anna Jatobá, e reduziu a pena de Alexandre para 30 (trinta) anos, 02 (dois) meses e 20 (vinte) dias. A redução se deu por uma correção no cálculo da pena inicial.

A VIDA NA CADEIA

A revista ISTOÉ, na sua edição nº 2105 publicou trechos de correspondências trocadas entre o casal.

Nos trechos, além das mensagens de amor entre Anna e Alexandre, foi possível perceber um pouco de como está sendo o cotidiano de ambos durante o cumprimento da pena.

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Anna e Alexandre Nardoni na prisão

Em umas das cartas, Anna escreve para Alexandre relatando que não suporta ir para o pátio da cadeia. Tal incomodo seria gerado devido aos olhares que são dirigidos a Anna, muito por conta de ser uma apenada que teve seu processo divulgado por toda mídia. Além disso, Anna relata em diversas cartas a sua rotina laboral na cadeia.

Alexandre sempre correspondeu às cartas de Anna. Pelos conteúdos dos trechos disponibilizados, foi possível perceber que Alexandre e Anna demonstraram que são apaixonados. Por diversas vezes, o casal expressa planos de ficarem juntos quando saírem do presídio.

REABERTURA DAS INVESTIGAÇÕES

Em abril de 2015, cinco anos depois de Alexandre e Anna terem sido condenados,  foi noticiado que, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) voltou a investigar o caso da morte da menina Isabella Nardoni. O pedido de reabertura do caso se deu por conta de duas agentes do presídio de Tremembé onde Anna cumpre pena, que teriam relatado que o avô da vítima, Antônio Nardoni, pode ter alguma participação no caso.

Até o momento não temos a informação sobre a conclusão das investigações.

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