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STJ absolve DJ Rennan da Penha de acusação de associação ao tráfico

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu absolver o DJ Rennan da Penha das acusações de associação ao tráfico de drogas, em um processo no qual ele era réu desde 2015. A decisão foi tomada pelo ministro Rogério Schietti Cruz, que concedeu um habeas corpus para estender a Rennan os efeitos da absolvição de Marcos Paulo Gonzaga de Carvalho, réu no mesmo processo que o DJ.

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Carvalho foi inocentado pela Sexta Turma do STJ por falta de provas da acusação de associação ao tráfico. Como Rennan estava envolvido no mesmo caso, o habeas corpus foi aceito e ele também foi declarado inocente. O DJ expressou sua felicidade com a decisão em suas redes sociais, destacando que é uma vitória para o funk e para as favelas. Ele afirmou sempre ter acreditado na justiça e utilizado a hashtag #DJnãoébandido.

Recentemente, o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) aceitou o caso do DJ e protocolou o pedido em seu favor. O diretor executivo do IDPN, Joel Luiz Costa, também comemorou a decisão, enfatizando que, em um país sério, Rennan seria um exemplo de esperança, mas em um país racista, ele é apenas mais um negro suspeito, acusado e criminalizado.

O Ministério Público Federal acusa Rennan de atuar como olheiro do tráfico de drogas no Complexo da Penha, um conjunto de favelas no Rio de Janeiro. Em sua defesa, o DJ argumentou que é comum os moradores das comunidades trocarem informações sobre a presença policial para garantir a segurança, e ele compartilhava essas informações nas redes sociais para alertar os vizinhos.

STJ absolve DJ Rennan da Penha de acusacao de associacao ao trafico 1
Fonte: MIX ME

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o DJ era acusado de organizar festas de funk com o objetivo de atrair pessoas para as comunidades e aumentar as vendas de drogas. No entanto, o músico sempre afirmou ser inocente. Ele foi absolvido na primeira instância por falta de provas, mas, em 2019, foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime fechado pela segunda instância, o que interrompeu sua carreira promissória.

Rennan chegou a vencer o Prêmio Multishow de canção do ano, mas não pôde receber o prêmio devido à sua detenção

Rennan, criador do Baile da Gaiola e expoente do funk de 150 batidas por minuto, chegou a vencer o Prêmio Multishow de canção do ano com “Hoje Eu Vou Parar na Gaiola”, mas não pôde receber o prêmio devido à sua detenção. Artistas e movimentos sociais tentaram protestar, argumentando que as pressões contra o DJ eram uma tentativa de criminalizar o funk e respirar sua liberdade.

O DJ ficou preso de abril a novembro do mesmo ano e foi libertado apenas após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu prisões após condenação em segunda instância. Em sua decisão atual, o ministro Rogério Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mencionou a decisão da primeira instância, afirmando que as queixas contra o DJ baseavam-se apenas nas declarações do delegado responsável pela investigação, e que os policiais do Complexo da Penha afirmaram não ter conhecimento de qualquer envolvimento do músico com o tráfico de drogas.

O magistrado também destacou que o adolescente identificado no processo como RMS, que inicialmente havia acusado Rennan em seu depoimento à polícia, recuou de suas declarações perante o tribunal, alegando ter assinado documentos na delegacia sem lê-los. O Ministério Público Federal ainda tem a opção de recorrer à Sexta Turma do STJ.

Fonte: Valor Econômico

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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