Quem é Tacla Duran: ex-advogado de empreiteiras, acusador de Moro e Deltan
O advogado Rodrigo Tacla Duran, que possui cidadania brasileira e espanhola e atualmente vive em Madri, afirma em suas redes sociais que trabalha para defender as prerrogativas e garantias fundamentais da advocacia, que asseguram o amplo direito de defesa aos cidadãos.
O advogado é acusado de envolvimento em lavagem de dinheiro pela Lava Jato, tendo trabalhado para diversas empreiteiras investigadas na operação, como Odebrecht, UTC e Mendes Junior. Tacla Duran possui escritório de advocacia com sedes em São Paulo e representantes em diversas partes do Brasil e do mundo.
Recentemente, o advogado acusou o ex-juiz, ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro de extorsão, além de acusar o ex-procurador e deputado federal Deltan Dallagnol de perseguição. Os membros do parlamento refutam as alegações.
Tacla Duran fez as acusações ao atual juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba, Eduardo Appio
Em depoimento ao juiz que atualmente responde pela Lava Jato, Eduardo Appio, Duran fez as acusações. Appio solicitou uma investigação urgente por parte da Polícia Federal e colocou o advogado no programa federal de proteção a testemunhas, devido ao risco potencial à sua vida diante do grande poder econômico e político dos acusados.
Em 2016, Tacla Duran foi alvo de um mandado de prisão na 36ª fase da operação, sob suspeita de envolvimento em lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.
O juiz Sergio Moro, que era responsável pela 13ª Vara Federal em Curitiba, ordenou a prisão de Tacla Duran, que já morava na Espanha na época. Duran foi detido em Madri e passou três meses na prisão antes de ser libertado sob fiança em fevereiro de 2017.
Embora a Justiça espanhola tenha negado um pedido de extradição em julho daquele ano, Duran foi implicado nas investigações da Lava Jato por confessar ter emprestado contas de suas próprias empresas no exterior para facilitar a transferência de recursos da Odebrecht para paraísos fiscais no Caribe.
Em fevereiro deste ano, Eduardo Appio se tornou o juiz responsável por julgar casos da Operação Lava Jato em Curitiba na primeira instância. Em março, ele atendeu a um pedido da defesa do advogado e revogou a ordem de prisão emitida pelo ex-juiz Sérgio Moro contra o advogado. Com essa decisão, Duran poderia retornar ao Brasil sem ser preso.
Posteriormente, o advogado foi intimado a depor e, em 27 de março, prestou depoimento remotamente, durante o qual fez acusações contra Moro e Deltan. Appio também encaminhou Tacla Duran ao programa federal de proteção a testemunhas.
Em 2017, o advogado depôs à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS e questionou a maneira como foram firmados acordos de delação premiada na Operação Lava Jato, citando possíveis adulterações no sistema de propina.
Durante seu depoimento na CPMI, Tacla Duran mencionou a suposta extorsão que teria sofrido, mas não acusou diretamente o juiz Sérgio Moro ou o procurador Deltan Dallagnol. No entanto, o pedido para investigar suas denúncias foi retirado do relatório final da comissão.
Em 2016, o advogado tentou fazer um acordo de delação premiada para reduzir a multa imposta pela justiça, mas acusou Carlos Zucolotto, amigo pessoal de Moro, de receber US$ 5 milhões para ajudá-lo no acordo. O acordo foi rejeitado pela PGR em 2018 por falta de evidências.
Em 2020, o procurador-geral Augusto Aras retomou a negociação do acordo, mas nada oficial foi acordado.
Recentemente, Duran retomou suas acusações em um depoimento à Justiça Federal em Curitiba, e agora a Polícia Federal deve investigar as denúncias.
Fonte: G1