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Revelação explosiva: descubra como as novas rotas de drogas estão unindo o Equador e os poderosos cartéis mexicanos

O Equador enfrenta um cenário marcado por instabilidade

O homicídio do postulante à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, ocorrido na noite de quarta-feira, trouxe à luz uma situação delicada desse pequeno país latino-americano. Anteriormente conhecido por sua economia estável e uso do dólar, bem como por sua relativa segurança em comparação com nações vizinhas, o Equador agora enfrenta um cenário marcado por instabilidade.

Esse estado de insegurança, que culminou no trágico assassinato, não é uma novidade recente. Uma série de fatores contribuiu para isso, sendo a reconfiguração das rotas de tráfico na região um dos principais catalisadores.

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Fonte: O GLOBO

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Atualmente, uma parcela significativa da cocaína originária da Colômbia é contrabandeada através de portos equatorianos em direção aos Estados Unidos. De acordo com autoridades equatorianas, as duas maiores facções criminosas do país, Los Choneros e Los Lobos, estão recebendo apoio financeiro e armamentos dos principais cartéis mexicanos: o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG), respectivamente. Esses grupos criminosos mexicanos estão em uma disputa pelo controle das rotas de cocaína no Equador. Além dessas, há também um grupo originário dos Bálcãs, apelidado de “máfia albanesa”, operando no país.

Recentemente, foram descobertos laboratórios de processamento de drogas no Equador, indicando a possível evolução das facções locais para o que são chamados de “microcartéis”. Historicamente, devido à sua localização entre os maiores produtores de coca da região, Colômbia e Peru, o Equador sempre serviu como ponto de trânsito para o tráfico de drogas. No entanto, o acordo de paz com as antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) fez com que dissidentes ligados ao narcotráfico se deslocassem para o país vizinho, principalmente através da cidade fronteiriça de Esmeraldas.

Nos últimos cinco anos, os cartéis mexicanos passaram a desempenhar um papel mais proeminente nesse cenário, subcontratando grupos locais. Essa mudança foi facilitada pela dolarização da economia equatoriana, integrada em 2000, e pela falta de controle financeiro eficaz, que completou o país um local propício para a lavagem de dinheiro do tráfico. Segundo Glaeldys González, especialista do International Crisis Group, oito organizações criminosas competem pelo controle de diferentes etapas da cadeia de abastecimento, levando a confrontos avançados. A polícia atribuiu 80% dos assassinatos ocorridos no ano passado a conflitos entre esses grupos criminosos, que disputam o controle da distribuição e exportação de drogas, especialmente a cocaína.

A zona de Guayaquil, onde se localiza o principal porto de saída de drogas para a Europa e os EUA, se transformou em um campo de batalha entre esses grupos. Dado que se trata de uma área urbana, em vez de uma região rural, os efeitos violentos têm sido ainda mais impactantes. Conforme explicou um especialista em entrevista ao GLOBO no ano anterior, o Equador agora possui um papel significativo na produção, refinamento e transporte de cocaína, gerado em um aumento considerável na quantidade de drogas no país.

Durante muitos anos, Los Choneros, um braço do Cartel de Sinaloa, dominou a cena criminosa equatoriana. No entanto, sua hegemonia chegou ao fim em 2020, abrindo espaço para Los Lobos assumirem o controle. Essa facção, responsável pelo assassinato de Villavicencio, agora lidera uma poderosa federação de gangues, que inclui Los Tiguerones e Los Chone Killers. Juntas, essas facções competem pelo controle das prisões no Equador e pelo tráfico de drogas, o que tem intensificado ainda mais a complexidade do cenário criminoso no país.

Los Lobos é apontada pelo observatório InSight Crime como o segundo maior grupo criminoso do Equador

Hoje, o InSight Crime, um observatório especializado, identifica Los Lobos como a segunda maior organização criminosa no Equador, composta por mais de 8 mil membros detidos em várias prisões do país. Desde o ano de 2016, Los Lobos e seus aliados forneceram armamentos e segurança ao cartel mexicano CJNG. Como resultado dessa colaboração, os grupos Los Tiguerones, Los Chone Killers e Los Lobos se autodenominam coletivamente como a Nova Geração. No mês de fevereiro de 2021, a Nova Geração coordenou ataques contra líderes regionais dos Los Choneros, visando dois sucessores potenciais.

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Fonte: Gazeta do Povo

Embora ambos tenham sobrevivido, os confrontos resultaram na morte de 80 detentos. Nos últimos anos, a facção tem estado envolvida em diversos massacres sangrentos dentro de prisões, resultando em mais de 315 mortes de prisioneiros somente no ano de 2021. Além disso, a organização está predominantemente envolvida no tráfico de drogas e tem expandido suas atividades para a indústria de mineração ilegal. Devido às rivalidades entre essas facções criminosas, as taxas de homicídio no Equador tiveram um aumento alarmante: de 5,6 por 100 mil habitantes em 2017, subiram para 25,32 por 100 mil habitantes no ano passado, estabelecendo um recorde histórico.

Isso fez com que o Equador ultrapassasse o Brasil em termos de violência homicida, uma vez que o Brasil registrou uma taxa de homicídios de 19,5 por 100 mil habitantes em 2022. Como resultado, o Equador se tornou o terceiro país mais violento da América do Sul, ficando atrás apenas da Venezuela e da Colômbia. A previsão é de que, este ano, as taxas de homicídio no Equador continuem a aumentar, alcançando uma média de 34 mortes por 100 mil habitantes.

Em dezembro do ano passado, o comandante geral da Polícia do Equador, Fausto Salinas, observou que a violência tem sido predominantemente perpetuada por grupos criminosos, especialmente aqueles que competem pelo controle das organizações e buscam estabelecer sua supremacia territorial.

Diante desse cenário, o presidente Guillermo Lasso tomou medidas iniciais para conter a onda de violência, incluindo a implementação de estados de exceção por meio de decretos. No entanto, em maio, enfrentando uma desaprovação pública de quase 80%, ele tomou uma medida drástica: utilizando um mecanismo constitucional chamado de “morte cruzada”, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições, que estão programadas para ocorrer no próximo dia 20 .

Fonte: O GLOBO

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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