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Crimes virtuais é a modalidade de estelionato que mais cresce no país

Somente em 2022, foram registradas mais de 1,8 milhão de ocorrências de estelionato

O número de estelionatos vem crescendo nos últimos anos, especialmente devido à facilidade com que esses crimes podem ser cometidos. Segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, somente em 2022, foram registradas mais de 1,8 milhão de ocorrências de estelionato, representando um aumento de 326,3% em quatro anos nessa modalidade.

Para o advogado Bruno Feldens, especializado em direito penal, o relatório é uma ferramenta importante para analisar a criminalidade no país. Ele destaca a preocupação com o estelionato cibernético, também conhecido como golpe virtual, que se tornou mais comum devido ao aumento do uso da tecnologia durante a pandemia.

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Fonte: Primeira Hora

Os estelionatários se adaptaram a essa nova realidade, mas o princípio continua o mesmo: oferecer uma vantagem atraente em troca de uma contraprestação aparentemente insignificante. Isso cria a ilusão de uma oportunidade vantajosa, levando muitas pessoas a caírem nesses golpes.

Outro especialista em direito penal, Guilherme Almeida, destaca que o estelionato eletrônico tem evoluído ao longo do tempo. Antigamente, os golpes costumavam envolver bilhetes premiados, enquanto hoje os criminosos utilizam técnicas mais sofisticadas, como o roubo de dados para praticar estelionatos, inclusive contra membros da própria família, por meio de aplicativos como o WhatsApp. Esse tipo de crime está em crescimento constante.

Feldens aponta que as pessoas precisam estar alertas para os diversos golpes de estelionato

De acordo com o Anuário, o estelionato está se tornando “o crime da moda”, com 208 golpes ocorrendo por hora. As vítimas dessas fraudes, como o funcionário público Otavio Augusto Nascimento, enfrentaram consequências inesperadas, como o clonamento de cartões, a necessidade de registrar boletins de ocorrência, cancelar cartões no banco e contestar compras fraudulentas realizadas por estelionatários. Essas situações causam transtornos e preocupações financeiras para as pessoas. Em busca de evitar situações como a que aconteceu com Otávio Augusto, Feldens aponta que existem diversos golpes de estelionato e que as pessoas precisam estar alertas.

Entre os golpes mais comuns, destacam-se o golpe do falso empréstimo, o golpe do PIX e o uso de boletos falsos. Quadrilhas com empresas de fachada podem atrair vítimas, especialmente no caso do golpe do falso empréstimo. O advogado especialista em direito penal, Guilherme de Almeida, considera que o anuário revela uma falha na segurança pública. Ele acredita que tanto as polícias militares quanto as polícias civis enfrentam dificuldades financeiras e falta de recursos adequados para combater a criminalidade de forma efetiva. Ele enfatiza que é essencial fornecer treinamento adequado para melhorar a atuação das forças de segurança no enfrentamento ao crime.

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Fonte: BLOG 30zero7

Na opinião do advogado criminalista Bruno Feldens, a redução desse tipo de crime está relacionada a uma maior proteção de dados. Ele destaca que algumas quadrilhas têm acesso a bancos de dados governamentais, como o INSS, e usam essas informações para atrair novas vítimas, como no caso do golpe do falso empréstimo. Para combater esses crimes, é crucial fortalecer a segurança cibernética, especialmente em relação às redes sociais, para evitar o roubo de contas e a aplicação de golpes por estelionatários.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, também houve um aumento nos casos de roubos e furtos de celulares em 2022, com crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior. Além disso, o número de estupros registrou um aumento de 8,2%, atingindo o maior índice da história. Os desaparecimentos também tiveram um aumento de 12,9% em comparação com o ano anterior.

Por outro lado, a taxa de mortes violentas intencionais apresentou uma queda de 2,4%. No entanto, algumas regiões como o Sul e o Centro-Oeste registraram crescimento nesses índices. Diversos tipos de roubo tiveram redução, incluindo instituições financeiras, estabelecimentos comerciais, residências, cargas e pedestres.

Fonte: Brasil61

Daniele Kopp

Daniele Kopp é formada em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela mesma Universidade. Seu interesse e gosto pelo Direito Criminal vem desde o ingresso no curso de Direito. Por essa razão se especializou na área, através da Pós-Graduação e pesquisas na área das condenações pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Sistema Carcerário Brasileiro, frente aos Direitos Humanos dos condenados. Atua como servidora na Defensoria Pública do RS.

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