Delegados de polícia forjavam prisões para fins pessoais, afirma MPRJ
A 1ª Vara Criminal Especializada do Rio de Janeiro aceitou a denúncia e decretou, na última quinta-feira, 8 de setembro, a prisão preventiva de Allan Turnowski, ex-secretário da Polícia Civil do Estado e delegado de polícia.
O ex-secretário e o delegado Maurício Demétrio estão sendo acusados de tentar forjar acusações contra o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Em uma das ocasiões, durante as eleições de 2020, Maurício forjou uma “entrega de dinheiro” a Paes, que era candidato à Prefeitura do Rio, com o objetivo de prendê-lo em flagrante.
MPRJ denunciou os delegados de polícia Turnowski e Maurício Demétrio
O Ministério Público do Rio de Janeiro formulou denúncia contra os dois delegados, ressaltando que eles fraudavam investigações e prisões para atacar inimigos e fazer valer seus interesses, que eram: a exploração ilegal de jogos de azar e esquema de corrupção, em conjunto com o bicheiro Fernando Iggnácio, morto em 2020. Além disso, avisavam aliados do cumprimento de mandados de busca e apreensão.
Mensagens obtidas pelo MPRJ apontam que, em novembro de 2020, quando Paes disputava o segundo turno das eleições para prefeito do Rio contra Marcelo Crivella, Demétrio tentou armar um flagrante de entrega de dinheiro ao candidato, usando um aliado para acionar a Polícia Federal.
Para convencer delegados federais a montar uma operação contra Paes, um preposto de Demétrio, identificado na denúncia como o advogado Thalles Wildhagen Camargo, encaminhou uma foto do dinheiro à PF. A foto foi feita na casa de Demétrio, de acordo com as investigações.
Victor Cesar Carvalho dos Santos, um dos delegados da PF acionados à época, disse ao MPRJ que a polícia cogitou fazer uma operação contra Eduardo Paes, mas o caso não avançou porque as provas eram insuficientes
Em março de 2021, o delegado articulou nova investida contra o prefeito, que, à época, estava cotado para disputar o governo do Rio contra Castro, que busca a reeleição. Conforme a denúncia do MPRJ, Demétrio sugeriu, em conversa com Turnowski, então secretário de Polícia Civil, atingir Paes com um inquérito que já estava em andamento.
A denúncia do MPRJ também aponta que Allan Turnowski e Maurício Demétrio tentaram beneficiar amigos investigados por desvios de verbas em contratos do município do Rio.
Na denúncia, o MP afirma que, desde o início de 2016, Turnowski e Demétrio, com o bicheiro Fernando Iggnácio e outros ainda não identificados, associaram-se para praticar crimes como exploração ilícita de jogos de azar, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional e homicídio qualificado.
Os delegados tinham a função, segundo a promotoria, de usar os recursos e a estrutura da Polícia Civil para ajudar na disputa de Iggnácio com Rogério de Andrade pelo legado do bicheiro Castor de Andrade.
Demétrio é acusado de vazar informações sobre investigações sigilosas, intermediar o pagamento de propina a servidores públicos e cooptar colegas da Polícia Civil.
Defesa de Turnowski impetrou Habeas Corpus
A defesa de Turnowski impetrou pedido de Habeas Corpus, sustentando que a prisão dele é baseada “em diálogos de terceiros, incompletos, fora de contexto e gravados em 2016, época em que Allan Turnowski sequer exercia cargos na Polícia Civil, pois estava cedido à Cedae”.
Contudo, o HC foi negado pelo desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto. O magistrado entendeu que não há flagrante ilegalidade a justificar a revogação da detenção.
Fonte: Conjur